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5 de novembro de 2008

SONHAR OU VIVER



Claude Théberge




Maria fita mais uma vez o caminho que se entrecruza em tantos
Fica zonza só de olhar para um e outro lado e, mais uma vez, de outro para um dos caminhos, não esquecendo os do meio que se abrem em milhares, cruzando-se um pouco mais à frente com mais umas centenas deles e pensa que gostava de ter umas asas para os poder ver de cima e verificar que padrões formam. Encontra outros tão zonzos como ela, nessa procura sem fim e afasta-se, porque é no silêncio e no isolamento que se encontram respostas
Pelos padrões seria mais fácil escolher, se os conseguisse identificar....
Lembra-se com pena que já perdeu as asas, que só se têm enquanto somos crianças.
Relembra o que aprendeu e pensa que poderá estar a viver um sonho, o melhor será ficar quieta à espera de acordar, sem fazer opções cansativas, de ir de um para o outro lado e ter de voltar para trás para tudo recomeçar
Já nem se lembra das vezes que tudo recomeçou para vir sempre dar ao mesmo local, círculo vicioso de onde não consegue sair
caminhos largos e sinuosos ou estreitos e que sinuosos são.
O padrão! O padrão é a sinuosidade, sempre para dificultar, se não poderiam ser ao menos mais direitos, para se poder ver mais ao longe, ela que gosta de horizontes bem largos e de poder espraiar o olhar
Começa por andar de volta, talvez possa não ter de entrar em todas aquelas bifurcações. O caminho será mais longo mas muito mais fácil, já está farta de complicações.
Mas a meio, pensa que será a meio, encontra o que tinha medo fosse acontecer, uma barreira alto e no cimo adivinha, estarão várias das bifurcações das quais ela deveria ao menos ter escolhido uma.
Volta para trás, zangada consigo, pensando que sempre detestou desmanchar o que quer que fosse, e este caminho assim feito, parece os pontos de um bordado que passa a vida a desmanchar.
Maria odeia bordados
Estaca zero, parecendo que nem passado já teve, só tem de escolher o futuro
exatamente! o futuro depende de uma escolha
não a vai fazer para já
Já nem sabe se é a vida que está em causa ou se são só sonhos e simplificaria ao menos saber o que se passa.
Sonhos....sempre sonhou tanto e tão bem. Serviu-lhe de pouco e de muito, quantas vezes não os soube pôr em prática, quantas vezes foram mal aplicados, quantas vezes...
eram tão belos os seus sonhos...quimeras tão difíceis de atingir, mas tão belos, sem eles nunca teria sobrevivido
O caminho não se faz de sonhos, decide,
o caminho faz-se caminhando, optando entre veredas, tendo sonhos no horizonte. Descobre finalmente, que tem de simplificar, é uma das suas características, irá também escolhendo o sonho que terá no horizonte, os mais fáceis primeiro para os conseguir atingir e para mais tarde os mais difíceis, que com o treino passarão a ser também fáceis e assim serão todos atingidos, deixando para o fim o mais belo, porque gostaria tanto de viver aquele em que tantas vezes tem pensado.


9 comentários:

Fatyly disse...

Uns mais fáceis que outros mas vivendo entrelaçada com sonhos será sempre a melhor opção.

Gostei!

Beijos e um bom dia

inespimentel disse...

Há quem acredite que existe a opção: nada decidir, não tomar nenhuma caminho....
... só que isto não é uma "não decisão", antes pelo contrário!
Os melhres caminhos são por muitas vezes os mais "pedregosos", mas não sera o Pessoa que dizia: "Pedras no caminho?... guardo-as todas, um dia hei-de construir um castelo!"
... e é isso, esse sonho dentro de cada um que alimentamos e defendemos, há-de um dia ser construido com as pedras do caminho que percorrermos!

inespimentel disse...

Detesto quando não releio os comentários que faço... é que tanta gralha dificulta e irrita quem anda aos tropeções nas palavras mal tecladas, desculpa, Minuxa, vou ter mais atenção!

claras manhãs disse...

Olá Fatyly


Tem de haver sempre sonhos, pelo menos para mim, ou então estou feita.

beijinho

claras manhãs disse...

Olá Inês


Pois é minha querida, só que às vezes se olha para o monte e já é uma montanha e nem se sabe onde guardar tanto pedregulho
principalmente se ainda não dá para nem sequer começar o castelo imaginado.


beijinho

Anónimo disse...

apesar de tudo, gosto da Maria que vive cá dentro.
Beijo e as tuas melhoras.

Olha, que dizes, já vai sendo hora de eu tirar o dedo da tecla, não?
;-)

claras manhãs disse...

Gargalhada

Acho que já é tempo, sim!!!
Já começei a melhorar, felizmente, mas já lá vão oito dias desta porcaria!!!

beijinho, Cris

Bartolomeu disse...

Voto no conceito da Faty... Viver sonhando... é sempre preferível a sonhar, que se vive...

claras manhãs disse...

Olá Bartolomeu



estamos de acordo.
sonhar que se vive, não vale a pena, além de ser uma intrujice para com a própria pessoa.

beijinho