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30 de dezembro de 2008

DESEJOS DE SEMPRE E PARA SEMPRE (também para 2009)



“Todas as coisas materiais são formadas por átomos, (nós também)
que por sua vez são formadas por partículas subatómicas
que se movem à velocidade da luz, através de vastos espaços vazios
As partículas subatómicas não são coisas materiais; são flutuações de energia num imenso vazio”

Isto são verdades da Física Quântica

Portanto, Nós somos ‘flutuações de energianum imenso vazio

Seria bom, tão bom, que fossemos energia luminosa, estrelas cadentes de amor e carinho.
Que o Amor exista sempre na nossa vida e o consigamos reconhecer
que o façamos transbordar para com ele podermos outros abraçar
Vibrar em HARMONIA deveria de ser a palavra de ordem, pessoal, porque só quando conseguirmos mudar pessoalmente, um, dez, mil, cem mil, milhões, poderemos conseguir um MUNDO NOVO, que já aí está.
MUDAR PESSOALMENTE, dar oportunidade ao EU, percebê-lo e aquietarmo-nos, vibrando só em energia pura de amor e carinho
Ano após ano são sempre estes os meus desejos
Este ano, porque o estou a dizer, englobo-vos a todos, nestes meus ideais
Saibam viver Felizes, o que é bem difícil, formatados que estamos para vermos o sofrimento como um desagravo, sempre temos medo, ou remorso, por nos sentirmos felizes.
Ser felizes é estarmos em HARMONIA com o TODO, é viver o momento presente, que daqui a um segundo é já passado, e o seguinte é futuro.
HARMONIA, deveria ser o estado permanente em que deveríamos andar, por isso saibam VIVER FELIZES
SEJAM FELIZES!

Adoro-vos!


29 de dezembro de 2008

NATAL III



Sally Man



Ela é a imagem do abandono, da tristeza, da infância perdida.
Cara fechada, olhar adulto, magoado, dorido, mulher-criança, cigarro na mão, gesto perfeito.
A rua é onde dorme, boca amuada, tristeza gravada, relógio rapinado, domina o lugar que fez sua casa.
Olha o vazio enquando lhe fazem o retrato, nem para a máquina olha quando o flash é disparado.
Que lembranças estará a ver?
A mão levantada, preparada para a estalada que aí vem, o pé no ar, para o pontapé que nunca mais chega, a mãe batida, os irmãos saídos de casa?
O que a terá levado a fazer da rua a sua casa?
Vem a vontade de lhe passar a mão pela face, de lhe pentear os cabelos, de lhe agarrar na mão e levá-la para casa, para qualquer lugar, onde possa chamar seu a um lar, em que seja dona do sítio, pelo reinado do Amor.
Meninas da rua, mulheres feitas pelo desespero, que não sabem que o têm gravado dentro, por ser essa a sua condição
Meninas da rua, e meninos também, onde vale tudo, em que o desenrasca é a palavra de ordem, num dia-a-dia duro, onde rareia a comida e a brincadeira, onde rareia o brinqedo e a veste, onde rareia o amor e a infância, onde rareia tudo
Meninas da rua, mulheres-crianças, cigarro na mão, gesto perfeito
NATAL era dar-lhes, LAR


26 de dezembro de 2008

NATAL II



Tive de voltar mais cedo

Para ti, minha querida



Fotografia 'roubada' ao PAULO




Ia descendo a escada devarinho, pé num degrau, o outro demorando até se apoiar no degrau seguinte, pesados os pensamentos, tristeza que carregava nos ombros, que a fazia dobrar, vórtice sem fim, tal como aquelas escadas que desce com cuidado, não vá ser engolida e puxada para a queda.
Ouve o telefone a tocar e pára expectante. Tantas vezes que tem pensado nela, tantas vezes, ainda agora enquanto descia se perguntava quando seria o dia em que lhe mandaria notícias, por onde andaria, andariam? cá? em Espanha? noutro sítio qualquer? Sempre que o telefona toca, é tão raro tocar, fica assim sem jeito, pensando nela.
Dias que lhe pareceram meses, meses que lhe têm parecido anos, sem dela nada saber.
Ouve a porta a abrir-se e uma voz a gritar
- Mãe ainda aí estás? Ela telefonou, mãe! Ela telefonou!
O salto do coração é tão grande que tem de se agarrar, o ar, o ar que não entra no seu peito, ajoelha no degrau e as lágrimas correm livremente, as mesmas lágrimas que correram durante dias quando ela desapareceu, agora voltam para a apaziguar
Então já sentada, entoa um Aleluya.
Ah! sempre existem milagres, quando menos esperamos, no Natal
De um salto põe-se em pé, desce as escadas a correr, e vai fazer as compras que faltavam.
Quer poder falar com ela, tem urgência em a ouvir
A tristeza desaparecida, já sem se lembrar do pouco dinheiro que tinha para festejar o Natal, já sem se lembrar da vida dura que tem tido, sem se lembrar de nada, já
Vai num pé e volta apressada, chega ao pé da porta a arfar, já não se aguenta em pé, encosta-se à ombreira, a maldita falta de ar, é a filha que lhe abre a porta e a segura para que não caia.
Deitada no sofá desengonçado, continua a entoar o Aleluya, agradecendo o milagre:
ela deu notícias!
ela ainda é sua amiga
Natal é quando a Amizade não acaba nunca, quando o Amor prevalece, sempre



24 de dezembro de 2008

BOM NATAL




Vemo-nos a 29







22 de dezembro de 2008

NATAL



Jack Radcliffe




Na janela o reflexo de uma cortina arrendada, que ela não vê
Uma caneca na mão, o cigarro na outra e a vontade de descobrir o fim do problema, ou a maneira de lá chegar
Mas o que sente é só a angústia, que a não deixa dormir vai para três noites, desde que sabe, a falta de coragem que tem tido
Tem de contar e não é capaz.
Como se conta a quem tanto avisou, que se engravidou?
E anda às voltas sem saber a reação que terão, sem ter coragem para os enfrentar
Seria mais fácil se lhes dissesse que faziam tenções de casar ou de viverem juntos, mas ela não quer, lá porque engravidou, juntar-se e ainda menos casar. Tinha saído com ele, mas não lhe quer
Como se diz? Como lhes há de comunicar?
Com que palavras?
E porque não se terá lembrado disso, antes de não ter cuidado?
Sabe que lhes vai dar um desgosto
Já entrou tantas vezes naquela sala onde todos estão, para lhes dizer…
Ainda há um bocadinho, só lhe apetecia gritar – estou grávida! – mas olhou para todos e saiu de mansinho. Iam ficar todos a olhar para ela, estupefactos
Dizer só à mãe, também não é solução, terá de ouvir n discursos, não, têm de estar todos juntos, talvez a meio de uma qualquer conversa….
Como se diz a quem tanto avisou? Como? Céus!
Anda neste labirinto de medos, de pensares, de soluções arranjadas para logo as pôr de lado, de faltas de coragem, para voltar aos medos, círculo bem fechado, sem encontrar uma saída, sem saber como começar, sem dormir, fumando e não devendo
Repentinamente, vem-lhe mais uma vez a raiva de naquele sábado se ter deixado ir e não se ter preocupado, ela que anda sempre com um preservativo na carteira
Tem medo. Tem medo que a pressionem a fazer o que ela não quer
Pensa depois que não tem razões para isso, mas sabe que a deceção da família irá ser grande. Dececionou-os! não sabe como irá reconquistar a confiança de todos eles.
Apaga o cigarro, jura a ela própria que foi o último, acaba de beber o café com leite e dirige-se vagarosamente para a sala. Fica à porta a olhá-los, marejam-lhe os olhos ao pensar que os poderá perder, é quando o pai levanta a cabeça e vê as primeiras lágrimas que na sua pele vão abrindo caminho lentamente. Lágrimas de mulher.
Antes que lhe façam alguma pergunta diz que está grávida e tal como esperara, todos levantam a cabeça, ao mesmo tempo, fixando nela o olhar.
Espera que consciencializem o que lhes acabou de dizer e mais uma vez se adianta às perguntas, dizendo quem é o pai, que não se vai juntar, nem casar, que vai ter aquela criança.
As perguntas irrompem, todas de uma vez. Há um bruá que ela nem tenta entender, ficando silenciosa. É a mãe que impõe silêncio e lhe diz meigamente que se tem tudo já pensado não será ninguém da família que se oporá ao que ela entenda dever fazer.
Corre a refugiar-se nos braços que se estendem para ela, e é ao ouvido de quem lhe deu a vida que pede desculpa pela deceção causada.
Pai e mãe trocam olhares por cima do seu ombro, olhando depois para essa filha tão bonita em quem depositaram tanta confiança, para essa filha tão amada, que começa a vida de adulta complicando-a, quando poderia tê-la mais fácil se tivesse seguido os seus conselhos.
Mas também sabem que cada um tem um percurso a fazer e que o escolhe, mesmo que inconscientemente, que asneiras se fazem em todas as idades, que um filho é sempre uma alegria, no fundo orgulhando-se que o assuma conscientemente.
Só então o pai lhe diz que o resto da conversa ficará para o dia seguinte.
NATAL, é quando qualquer criança nasce, por Amor a ela.


19 de dezembro de 2008

DESEJO-VOS AMOR











A Roxanne, já foi de férias, pelo menos até ao Natal, mas deixou no ar um enigmático, até para o ano......


Tenho estado, blogosféricamente falando, banhada em simpatia, ternura, brilho, espiritualidade, Amor.
Sempre gostei de aqui estar, sempre foram de uma imensa simpatia para comigo.
De há pouco tempo para cá, fui descobrindo outros blogues, alguns por puro acaso, outros por curiosidade, outros ainda, vieram cá ter.
Digo-vos, neste momento, com todos os que me têm acompanhado do anterior blog e com todos, mas todos sem exceção dos novos blogs por onde ando, que me sinto feliz, que me sinto acompanhada, compreendida, mais até do que me compreendo a mim própria, que me têm ajudado, sem saberem, a dar passos de gigante em pouco tempo e isso é o melhor presente que poderia ter, o melhor que alguém me poderia dar, em qualquer tempo, em qualquer lugar, em qualquer espaço
Vejam lá, que vinha falar do Natal

Queria-vos desejar o dobro que me têm dado, a todos, sempre, merecem-no, recebê-lo-ão, porque acredito profundamente numa das Leis Cósmicas que diz

SERÁ VOS DADO A DOBRAR AQUILO QUE DEREM OU DESEJAREM A OUTRO

Nem imaginam o que me têm dado.
Neste tempo em que se sente mais Amor no ar, neste tempo em que acabará um ano e começará outro, embrulhem-se nesse Amor, nessa Felicidade, qual manta que nos protegerá do frio do gelo e da ventania, mas deixem espaço para a mudança.
De nós todos, só o Amor restará, só esse brilhará, muito para além de já não sermos senão pó.
Só esse deixará rasto, qual cometa que atravessa os céus, nos corações de todos aqueles em quem tocarmos, só esse será Cósmicamente MEMÓRIA.
ADORO-VOS, A TODOS!
Obrigado por tudo

17 de dezembro de 2008

A ESPERA



Jack Vettriano




Como esperei a tua chegada. É cedo? é tarde? tanto faz
sei que esperei impaciente, depois vi os dias a passar, os anos e fui acalmando
pensando que não virias, já era tarde e, ias sempre adiando, dando por desculpa o trabalho, às vezes, uma outra qualquer
vi passar os dias, os anos
e fui olhando para o lado, deixando que alguém me aquecesse a alma e o corpo também.
Mas chega a notícia que, depois de tanta espera, afinal sempre voltas ao lugar que sempre foi teu
Mais novo? Mais velho?
depende de quem tu és.
Tenho alguma curiosidade, mas no fundo, no fundo, não vou querer saber, pelo menos antes de contigo me encontrar
o tempo passou e quero caprichar para te ir ao aeroporto esperar, impaciente por te poder abraçar e beijar, que bem sabes que sem os beijos teus, a vida é menos bela
vejo-te a sair do avião, o tempo que vais demorar desde este instante em que te vejo
tantos dias passados, tantos anos
até ao meu lado chegares, é a espera insuportável, aquela que vai demorar mais anos do que todos aqueles que já por ti esperei.
Conto os segundos, que demoram horas a passar, olho o relógio e o ponteiro não passa do mesmo lugar, 15 segundos, tantas horas, quantas mais terei de aguardar até te ver aquela porta atravessar
Tantos anos, ainda, para te reencontrar
mas quando te vejo, rosas na mão, corro para ti, percebendo finalmente que não houve esquecimento, só um ligeiro atraso, que tudo voltou ao lugar que não sabia existir
dias passados, tantos, que já nem os sei contar
o beijo que me deste, renovou o amor,
a dor foi já esquecida, para daqui a um pouco novamente recomeçar


15 de dezembro de 2008

EU NO BLOG DOS OUTROS



A HELENA PAIXÃO é uma belíssima fotógrafa e tem um blog em que alia fotografias e textos, que pretende venha a ser dos sete aos setenta e sete anos.
Convidou-me para fazer um texto para uma das suas belas fotografias.
Obrigado Helena, pela honra e pela oportunidade. Adorei.

O LAGO AZUL E OS GANSOS

Eu sou o Lago Azul, mas hoje porque há algum vento, que enruga as minhas águas e o sol me empresta a sua cor, vesti-me de verde e dourado.
Os gansos gostam de vir deslizar por cima de mim e aqui há muitos gansos.
Mas hoje só vos conto a história destes três que estão a ver:.....................

Vão lá ver as fotografias e os textos e já agora o meu (sorriso)
É a primeira vez que escrevo uma história para crianças, comentem lá e se for para bater..... já sabem, comigo estejam à vontade


14 de dezembro de 2008

BONS BLOGS






Foi feito por alguém, que como eu, é fâ da TERESA C. Sigam o conselho que vem no video, porque, para mim, é dona da escrita e do blog mais original feito no feminino, que existe há já quatro anos, escrito diariamente.






13 de dezembro de 2008

CEREJAS



Claude Théberge




De cerejas talvez esses momentos
Que tudo fez sentido num instante
Juntas breves nesse carmim flagrante
Como dois impetuosos argumentos

A nova impaciente descoberta
Antes do que não foi nada acontece
Depois da boca o beijo que apetece
E a carne doce o corpo que desperta

Talvez uma precoce primavera
Fogo que ardeu porem ainda em flor
Antecipada véspera de outra espera

Ainda a esperança vã mas insensata
De fazer amor só com amor
Essa dor que nos salva e que nos mata



Poema de FERNANDO TAVARES RODRIGUES
In XXI Sonetos de Amor, ficheiro que me foi enviado por NONAS



12 de dezembro de 2008

ROXANNE


MIRCEA BEZERGHEANU



Maria do Rosário na Élite aprendeu a ser uma mulher sofisticada. Já era uma rapariga elegante e sabia vestir para as ocasiões, mas tinha aprendido a maquilhar-se, a pentear-se, todos aqueles pequenos pormenores que transformam uma mulher elegante em sofisticada, sempre que era necessário. Aprendeu a domar a cabeleira, mas sempre que não estava a trabalhar voltava a ser apenas uma rapariga elegante, com ar exótico e meio selvagem, cuja sensualidade aumentava conforme os meses iam passando.
Tivera de se aplicar quando saíra da Élite para conseguir passar o primeiro ano, não com notas brilhantes, mas que apesar de tudo não a envergonhavam.
Foi passar as férias a Florença a casa da mãe, que vivia perto de toda a família. Foram umas férias inesquecíveis, apesar da mãe se não recompor do desgosto da morte do marido. Sempre fora frágil, mas tinha ficado tão debilitada….pensara que a mãe se recomporia mais depressa junto da família, mas isso não acontecera e pressionava-a para ir ao médico, poderia tomar uns fortificantes…a mãe dizia que era natural o seu estado devido ao desgosto que a não largava. Fora isso, até se sentia muito bem.
Foi preocupada que voltou para Paris, para continuar o curso.
Tinha um novo problema, teria de arranjar trabalho rapidamente se queria continuar a viver com aquelas duas estouvanadas, divertidíssimas. Naquela casa reinava a alegria junto com uma organização de espaço, pouco frequente em pessoas daquela idade. Respeitavam as necessidades de estudo e a individualidade de cada uma, davam-se muito bem. Lisa e Pilar, trabalhavam pouco e tinham bastante dinheiro, ela reparava, mas como não era nada com ela, nunca lhes fez perguntas.
Arranjara um outro restaurante, onde continuava a servir às mesas. Era pena pagarem tão pouco, porque gostava do que estava a fazer, apesar de ser cansativo, não a obrigava a pensar só a memorizar, o que era um bom exercício.
Não dava para pagar a sua parte da renda da casa.
Nessa noite Lisa e Pilar resolveram falar com ela e perguntar-lhe se não se queria juntar a elas, no trabalho que faziam.
- não sei o que fazem, nunca me contaram nada.
- trabalhamos na agência de Madame Jeanne
- deixei a Élite por não conseguir estudar, não volto mais a ser modelo
- mas não é uma agência de modelos, é uma agência de “escórte” (acompanhantes)
- são loucas? estão a propor-me a prostituição como solução? vocês quê? são prostitutas? mas…
Maria do Rosário, parou a olhar para as duas amigas, apalermada, sem saber o que pensar.
- prostitutas? louca és tu só de pensar isso de nós, respondeu Lisa, furiosa. Mas o que é que tu pensas de nós?
- fui eu que percebi mal? Não falaste de “escórte”?
- falei, mas não é prostituição, pelo menos na agência de Madame Jeanne. Ai de alguma de nós que tenha relações sexuais com algum cliente! Vamos imediatamente para a rua.
- explica lá então o que fazem, disse Maria do Rosário, tentando acalmar o ambiente.
- ouve bem, continuou Pilar, ouve bem, porque não te admito que penses isso de mim. Acompanhamos clientes, tanto em almoços, jantares como em reuniões de trabalho. Nunca estamos sozinhas com eles, a não ser no trajecto da agência para os locais previamente combinados entre o cliente e Madame Jeanne. Também há quem vá a reuniões de trabalho em lugares longínquos ou seminários que tenha de estar dois ou três dias. Mas a nós mais novas, Madame Jeanne, não deixa fazer esse tipo de trabalho. E não penses que é pêra doce, porque também tens de estudar os assuntos que se irão tratar nessas reuniões e jantares de negócios. Para todas essas explicações o melhor é falares com Madame Jeanne, aliás nem sabemos se ela te aceita, porque te irá examinar a tua cultura geral, e se a não tiveres não és aceite, pura e simplesmente.
- está bem, respondeu Maria do Rosário pensativa. Marquem-me lá uma entrevista com essa senhora, depois logo se verá se ela me aceita e se eu aceito o trabalho.




10 de dezembro de 2008

SEI LÁ



Autor que não consegui identificar



Estou para aqui enrodilhada, sem querer ver a luz que passa através da persiana, sem saber quem sou
Dizem que estou com amnésia, mas que talvez possa recuperar se para isso fizer um esforço. Não o quero fazer. Sabe-me bem estar assim, basta-me saber o meu nome.
Não reconhecer os meus pais, não saber se fui feliz ou não. Recuso-me ouvir todos os que me querem contar como era antes desta queda….falam em queda….uma queda de um terceiro andar….
Como caí? Caí? Atirei-me? Empurraram-me? Não dou grande importância à “queda”, já que me não lembro de nada. Estava cá em casa quando caí. Não sei a razão sádica que os leva a tanto insistirem na maldita queda, até ao desespero, mas quando falam dela fazem uma pequena pausa, quase não se nota, enquanto olham para mim.
Olho-os de frente, não para ver qualquer reação, só para verem nos meus olhos que nada recordo.
Mas lá fico um tempo a pensar se caí, se ma atirei, se me empurraram.
Sinto-me num limbo abençoado, pura como se tivesse acabado de nascer. Nada sei, a não ser os gestos automáticos, que de tanto repetidos ficaram gravados, saindo naturalmente. Se pensar onde é a gavetas das camisolas, não me consigo lembrar, mas no outro dia, com frio, subi ao quarto e abri sem pensar a gaveta onde estão as camisolas, ficando admirada por ter tantas.
Falo pouco porque não conheço ninguém, não sei o que pensam, só sei o que ouço e a maior parte das vezes fico sem saber o que lhes vai dentro, então recolho-me e respondo com o silêncio.
Dizem que não era assim….mas agora como sou recém nascida posso ser quem quiser e, o silêncio sabe-me bem como resposta a tanta coisa que dizem, que nada me diz.
Dizem que me tornei mais egoista….
Era egoista? Sou egoísta? Boa ou má? Entrestecida ou risonha?
Gosto de estar nesta posição semi-fetal, reconforta-me. Esta sou eu, a que conheço e não quer conhecer quem era.
Não tenho ninguém a quem fazer perguntas, não é que me apeteça fazê-las, mas reconheço que mesmo se quisesse não teria ninguém para as fazer, não sinto nada por ninguém, não conheço estes que se dizem família ou amigos e quando aparecem fico a olhar, feliz por este isolamento, não tentanto reatar relações
Não sei quem sou, ainda, nem quem fui. Só seei que sou esta que gosta de silêncio, que gosta de ficar na cama de olhos fechados a pensar na bem-aventurança de ter acabado de nascer, adulta.
Recém nascida sem ter de passar por educações
Boa, má? Entrestecida ou risonha?
Dizem que sou médica, que trabalho num hospital…..sei que não quero voltar a fazer o que a outra fazia, só tenho um mês e vou arranjar emprego, sei que quero ter uma vida nova, como nova sou.
Risonha ou entrestecida? boa ou má?
Ando por aí pela rua descobrindo belezas de apaixonar. Têm me dito que conheço a cidade como os dedos das minhas mãos, será por isso que vou dar aos locais mais maravilhosos ficando horas a contemplar o que pela primeira vez vejo, pensando que já deverei ali ter estado, sem “dejá vus”, encantada por os estar a ver como se fosse a primeira vez. Oportunidade rara a de poder, pela segunda vez, ter a reacção primeira e tomar consciência do facto.
Falo com quem está tão embevecido como eu nessas maravilhas e tem sido com essa gente que tenho aprendido a sentir, a ser o que sou, a olhar o longe, a integrar-me. Tenho amigos novos por todos os cantos da cidade e já sabem o meu nome, o prazer que isso me dá.
E as crianças dos parques? Risos cristalinos de pura felicidade, como me comovem.
Dizem que me tornei mais egoista….
Boa ou má? Entrestecida ou risonha?
Não tenho máscaras, essas desapareceram, sou….
Quem sou?
Sei lá


8 de dezembro de 2008

CONVERSAS DE VIZINHOS

Este, também já esteve no "Contestatário" por não ter, na altura, mais nenhum blog aberto. Fez parte, também, de UM CONTO PARA UM ELEVADOR


Bogdan Zwir




O prédio ia ser deitado abaixo e ela ia fazer pela última vez aquela viagem de elevador que a levaria até ao 5º andar, onde se ia despedir das paredes que a tinham visto crescer.
Chamou o elevador, e enquanto chegava viu-se com dez anos a subi-lo pela primeira vez. Prédio de grandes famílias, menos o 4º, onde tinha acabado de nascer o primeiro filho do casal, o Tiago bébé lindo, cuja beleza sempre o acompanhou.
Como era ainda lento, sem nunca mais o terem modernizado. Os vizinhos eram amigos dos pais, a quem tratava por tios.
Finalmente entra, lembrando-se como era desengraçada em plena adolescência.
Tinha-se transformado por volta dos dezoito anos, corpo bem feito, as minissaias mostrando as pernas perfeitas, foi quando namorou o João, filho mais velho dos do primeiro andar.
O Tiago com oito lindos anos, já para ela olhava, e sempre que o via, ela ternurenta dizia
- Olá Tiago, és o vizinho mais lindo deste prédio
Os do segundo andar, sempre snobs, mal davam os bons dias, os filhos, porque os pais eram sempre simpáticos.
Desde os dezassete anos que quando junta fazia a viagem com o "Tio" do terceiro, ele lhe beliscava o rabo, e lhe dizia – Maria Antónia estás-te a transformar, qualquer dia pões a cabeça doida a qualquer homem – ela ria, para disfarçar o mal estar, que o amigo do pai, homem bem bonito, lhe provocava. Ao dezanove, agarrou-a pela cintura e roubou-lhe um beijo, enquanto ela lhe tentava fugir naquele apertado espaço, rindo-se ele da sua atrapalhação. Nunca mais com ele subiu
- Olá Tiago, és o vizinho mais lindo deste prédio...ele com dez anos corou e pôs os olhos no chão. Ela admirada, com uma mão levantou-lhe acabeça, olhou-o nos olhos e percebeu a paixão, então com infinita ternura deu-lhe um beijo na face, que o corou mais ainda.
Ainda vai a passar o terceiro andar e já só de se lembrar fica mal disposta, com a investida do pai do Tiago, que num acesso de loucura, tinha ela vinte e dois anos, mal fecharam as portas no rés-do-chão, a encosta à parede desapertando-lhe a blusa, enquanto ela se contorce e ele arquejante lhe diz ao ouvido, que assim ainda mais a deseja, mas que tem de lhe dar uma lição para não andar a provocá-lo com aquelas saias, enquanto a beija no peito já despido e as suas mãos percorrem o seu corpo. Já o elevador está parado no quarto andar e ele só larga a sua presa, quando ouve a voz da mulher à porta a perguntar-lhe o que se passa. Fica caída no chão, lágrimas a correrem-lhe pela cara, enquanto o ouve, respondendo à mulher, que estava a dar uma lição de moral à Maria Antónia. O pavor que a partir daquela altura tinha de no elevador entrar, fê-la muitas vezes subir a escada até ao quinto andar.
- Olá Tiago, continuas o mais lindo vizinho deste prédio...olá Maria Antónia....ele já com dezassete anos, ela casada, o mesmo olhar apaixonado...então ela com ternura, roça-lhe a boca num beijo leve
Já está no quinto andar e não sai logo, porque ainda se lembra da última vez que viu o Tiago já homem, mais bonito do que se lembrava, ela com quarenta cinco, sem se reconhecerem
Maria Antónia? Pergunta e ela com alegria – Tiago! Continuas lindo. No seu olhar já não existe paixão...e ela diz-lhe na brincadeira – Vês o que fazem os anos? E ele numa ternura, roça-lhe a boca num beijo leve, enquanto lhe diz – A Maria Antónia será sempre a mais linda e terna mulher que me marcou.



6 de dezembro de 2008

HOMENAGEM A MAURICE BÉJART III






CONTINUANDO COM UMA PARTE DO BAILADO QUE MAURICE BÉJARD DEDICOU A FREDDIE MERCURY E A JORGE DONN, QUE JÁ TINHAM MORRIDO





PARTE DA SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA





BOLERO DE RAVEL (dançado por Jorge Donn)




5 de dezembro de 2008

ROXANNE








Foi interrompida por Diogo, acabado de chegar do golfe que se dirigia a ela para a beijar
- Já se foi embora o maldito do jornalista? A um sábado? Ou foste tu, minha querida, que arranjaste a saída perfeita para não irmos ao Alentejo passar o fim-de-semana? pelo teu ar sonhador e a ouvires Mahler, pôs-te a pensar…
- queria que lhe desse a exclusividade, para publicar semanalmente no seu jornal, de um livro que haveria de escrever sobre mim, o pobre coitado
- como? Propôs-te escrever um livro sobre ti? Ah! ah!ah! como te conhecem-te mal!
-foi pior, sabes, porque começou por dizer que seria eu a escrever a minha autobiografia, para depois dar a entender que o melhor seria ser ele a faze-lo por, talvez, eu não ser capaz de o fazer. Julgam que têm ideias brilhantes....se eu quisesse uma autobiografia já o teria feito, não?
- tu é que tens a culpa destas coisas se passarem. Se convivesses mais…..
-mau, agora sou eu a culpada dos jornalistas virem com ideias pseudo brilhantes?
- repara, meu amor, tu és um mistério para todos, ainda o és para mim e, a tua Agência além de misteriosa, desperta comentários menos benévolos e tu recusas-te a pôr-lhe fim.
Roxanne com ar enternecido e coquette
- mas não é esse meu mistério, que te faz estar desde sempre apaixonado por mim?
Diogo olha aquela mulher que lhe despertou tanta curiosidade, por não lhe ter ligado nenhuma, num tempo em que a maior parte das mulheres lhe caía nos braços, sempre rodeada de uma auréola de mistério, sem nada dizer de si, tinha-o fascinado, espicaçado a sua curiosidade, tinha feito com que quisesse ir buscar a lua para lhe dar de presente, tinha feito com que a pedisse em casamento vezes e vezes sem fim, dizendo-lhe sempre que não, tinha-o feito apaixonar-se profundamente por ela, voluntariamente preso, sem nunca mais olhar para outra, e sem se arrepender um minuto que fosse dos últimos vinte e oito anos. Aquela mulher que vai fazer 58 anos, fios prateados a aparecer naquele cabelo de cor estranha, entre o louro escuro e o arruivado, que tem uma inteligência fulgurante, um encanto raro, foi sua namorada durante 20 anos, vivendo cada um na sua casa.
Passa-lhe a mão pela face com ternura imensa
- é sim, tens razão. Vou tomar banho. Depois podemos ir almoçar?
Diogo tinha sempre a mesma mesa reservada no Gambrinus. Almoçava lá todos os dias da semana. Roxanne aos sábados, quando não ia para a Agência, e aos domingos acompanhava-o nesses almoços em que a habituara, que eram um prazer, onde continuavam a flirtar, como se não se conhecessem há 28 anos, como se não fossem namorados há 20, como se não vivessem juntos há quatro anos, quando ele mais uma vez lhe pedira para casar com ele...ainda ouvia a sua resposta
- mas com uma condição. Casamento nunca, não casei até aos cinquenta quatro anos não é agora que o vou fazer, mas poderíamos passar a viver juntos.
Ele atónito a olhá-la, sem lhe responder
- queres ver que só fazes o pedido, porque sabes que te digo sempre que não? Já estás arrependido?
- extasiado, estou extasiado e fiquei sem saber o que te responder. Vais viver comigo?
- não Diogo, tu é que vens viver comigo. É mais cómodo. Assim só uma pessoa muda de casa, se fosse eu a mudar seriam muito mais pessoas e nem sei se caberíamos na tua casa.
Mas hoje, Roxanne está distraída, pensativa e nem dá por Diogo já ter escolhido o vinho. Ele toca-lhe na mão, ela com ar sonhador, de quem em pouco tempo percorreu memórias importantes
- sabes, só fui modelo da Élite durante quatro meses, quer dizer, estive lá cinco, mas o primeiro foi a aprender a pintarmo-nos, a andarmos de saltos altíssimos, a sabermos tirar o casaco, pô-lo pelo meio das costas,enfim, a termos o tal glamour e sabermos valorizar o que vestíamos, desaparecendo a nossa personalidade.
- sei isso tudo, Roxanne, mas não por me teres dito. Na altura não falavas de ti, ainda hoje falas tão pouco da tua vida passada, mas fui-me informando...e quando te vi na capa da Vogue...e no seu interior...
Roxanne sorri
- sim, entreteste-te bastante, nesse tempo, quase te fizeste detetive….
- nem davas por mim, quando já não me saías do pensamento. Ia pensando em ti, enquanto te procurava noutra vida
- estás enganado, Diogo, dei sempre por ti, desde o primeiro dia. Era difícil não dar. Os telefonemas, os convites, aparecias sempre onde eu estava
- felizmente eras amiga da Teresa, da qual eu era como irmão
- que me pressionava quase mais do que tu
- ainda não sei porque saíste da Élite
- não tinha tempo para estudar. Estavam os exames à porta e tive de desistir. Ganhei bem durante esses meses, mas o meu objectivo era o curso e não ser modelo. Mas foram fundamentais para o meu futuro, esses meses. Ninguém imagina o que aprendi na Élite, o agradecida que lhes estou e o que me serviu durante o resto da minha vida o que ali aprendi.
Mas depois das férias, ou arranjava outro emprego, ou teria de sair da casa que partilhava com a Lise e com a Pilar. Foram elas que me arranjaram o novo emprego.
- tenho de telefonar para o Público, a agradecer ao jornalista, de quem ainda não sei o nome, a proposta que te fez
- como?
- nunca falaste tanto do passado e nem te fiz uma única pergunta
- isso é da idade! Além disso não fixei o nome dele.
Continuaram o almoço bem-dispostos, mas depois de pedirem as sobremesas, Roxanne abstraiu-se mais uma vez
- estás ainda em Paris?
- não, não. Sabes? estou a pensar em começar a abrandar lá na Agência.
Olhou-a pasmado
- estás doente? há alguma coisa que eu não saiba? Perguntava já enervado, com medo, ela que era tão fechada em tudo o que lhe dizia respeito
- não, meu querido, mas gostava de começar a passar trabalho para a Cris...



3 de dezembro de 2008

RESPOSTA AO "E TU...QUEM ÉS?"








Esta é a resposta ao post do BARTOLOMEU


Sou alguém que veio de terras quentes e brilhantes, onde o mel escorre e a areia, de mares espumosos e claros, corre doce sob a ventania
para uma terra fria, onde o Amor é raro, o vento fraco, as tempestades sujas, para fazer pontes onde o Amor florisse, o vento se tornasse forte e as tempestades raiassem em claras harmonias
Sou alguém que à terra veio, esperançosa, mas como tudo foi abolido, a frustração foi imensa sem saber o porquê.
Reguila fiquei, insatisfeita de tudo que me ensinavam, procurando o caminho que deveria percorrer, com o qual não atinava.
Até mim chegam frases de memórias antigas, que me trazem alguma Paz.
Reaprendo a olhar o Universo, o que me provoca saudade, que sempre me faz chegar as lágrimas aos olhos, comungando com Ele, o que me redime.
Sou alguém de espírito nobre e guerreiro, com muitas lutas por vencer, antes de poder depor a espada, que tem medo do próximo devir, por ser tão pedregoso o que me recusei a aplainar.
Sou filha do Amor Puro, de ideais e de sonhos enormes, que sempre me têm ultrapassado, caminhos tenho percorrido, desviando-me de alguns, escarpas tenho subido, sabendo que as mais difíceis estão por vir
Ah! bebi amores e com asco vomitei cruéis infelicidades, ao desamor respondi, ainda, com desamor
Faço parte do sonho por cumprir, do desejo inacabado, o verbo sou, mas sou também a flor que renasce com o calor do sol outonal ou primaveril
Da terra à terra retorno sempre esperançosa… porque quero chegar
Gostei de saber…. Quem tu és.
E tu?...Quem és ?



1 de dezembro de 2008

FEITICEIRITA




Michele Ogier






Feiticeirita chamava-lhe ele com ternura, sempre que a via correr de braços abertos ao seu encontro, admirando a cada dia que passava a sua beleza.
Cresceu a ouvir aquela voz meiga que ondulava em mar de amor, para dizer a palavra “feiticeirita” e ela habituou-se a pensar que o mundo era como ele, apesar de encontrar outros que assim não eram, julgando que seriam uma excepção.
A sua morte apanhou-a no fim da adolescência, muito perto dos dezoito anos. Viveu o desgosto em SILÊNCIO, como é próprio da dor profunda, MÃOS nuas, vazias de afectos, esperou pelos 18 anos para partir a correr mundo.
Ia trabalhando aqui e ali, qualquer coisa lhe servia, para conseguir comer o PÃO de todos os dias, mas assim que juntava algum dinheiro, partia mais uma vez, não criando raízes em lado nenhum.
Perdeu-se na Índia, tão carregada de MISTICISMO
perdeu-se na INFINITUDE de caminhos que encontrou e na dificuldade de fazer opções, perdeu-se pelo homem que foi o seu primeiro amor.
Viveu esse amor, como tinha vivido a dor da perda, intensamente, como se finalmente tivesse entre as mãos a maior PRECIOSIDADE, sem olhar em redor, sem querer saber de mais nada. Ele sentiu-se o rei daquela ingenuidade, de completa entrega, começando a URDIR um esquema em que pudesse tirar proveito da sua beleza. Quando percebeu o que queria que fizesse, a ALEIVOSIA que urdira, partiu desfeita, em direcção às montanhas, passando a acreditar que todos eram iguais, que jamais acreditaria em alguém.
Comia o que lhe davam pelos caminhos por onde andava mendigando, magra, cabelos desgrenhados, era olhada com COMISERAÇÃO por todos que se apercebiam, pelas vestes esfarrapadas e sujas, ser uma estrangeira que não estava associada a nenhum templo.
Feiticeirita andou durante quase dois anos, sem saber o que procurava, só tentando esquecer aquele amor que lhe levara toda a alegria de viver. O caminho traz muitas vezes o esquecimento, ou pelo menos o adormecimento da dor, é um UNGUENTO eficaz para a alma.
Naquela manhã quando acordou o sol ia alto e quando olhou para o cimo da montanha viu o que lhe pareceu um sonho, um pequeno templo cujo SINCELO brilhava à luz do sol e à ideia veio-lhe a noção que tinha de EREMITÉRIO. Subiu esperando que pudessem admitir mulheres, era ali que queria ficar, era ali que precisava de ficar.
Ficou durante alguns anos, aprendendo a esquecer, aprendendo a abrir o coração e a alma, aprendendo a respirar o silêncio, para mais tarde já resplandecente, descer a montanha e continuar o seu caminho de Feiticeira.