Não sei de quem é e tenho imensos nestas condições, portanto....
Não foi este que vi, apesar de também me encher as medidas, mas hoje ao ver o mais belo pôr-do-sol deste inverno, só me lembrava do telemóvel da
SAPHOU.
Um pôr-do-sol que promete já a primavera.
Embora desde sempre tenha preferido o outono, este ano estou desejosa da primavera, do sol, não muito quente. A falta de sol deixa-me sempre um frio na alma.
A gaiata, nos seus dez anos, estava feliz, no jardim da casa onde passavam o verão, em pleno Agosto, olhando os vermelhos daquele fim de tarde bem quente, onde nem um sopro de aragem passava, quando lhe gritaram de uma janela, pequena, cimo ovalado, que tinha morrido o tio Jorge, de quem tanto gostava.
Um baque, cara estupefacta, só se lembrou de gritar para a janela, O QUÊ? Repetiram.
Sozinha no jardim, as lágrimas correndo-lhe pela cara, tinha morrido um dos seus protectores, pôs-se a cantar
O seu canto era misturado, de descansa em paz, coitado que morreste sozinho, que a terra te seja leve, saberás alguma vez o que de ti gostava, Pai Nosso trata-o bem, coitada da Avó que lhe morreu o irmão que mais companhia lhe fazia, Pai Nosso mas porque o deixaste morrer, e agora como vão ser os domingos sem ti, tu sabes que gostava de ti, nunca to disse, mas tu sabes como gostava de estar sentada ao teu colo……
Da mesma janela veio um grito
- Ingrata! não gostas de ninguém! ele morreu e tu cantas?
Janela fechando-se com estrondo não deixando sequer que se defendesse
O canto continuou baixinho, comendo as lágrimas que continuavam a cair, agora com mais intensidade, por ter percebido que metade sua infância tinha acabado.
Deixaste-nos sozinhas, a avó e eu, deverias ter tido mais cuidado, sabendo como dependíamos de ti, estou a ser injusta, coitado de ti, meu Deus ajuda-o…a terra leve, não quero, não sou capaz de rezar…..
- Não te disse para não cantares?! veio o grito da mesma janela, fechada mais uma vez com o mesmo estrondo
Ao jantar, à volta da mesa, falava-se de quem herdaria o quê