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1 de setembro de 2008

MADRUGADA FORA





Mónica Nikolova




Dois passos lado a lado pela areia molhada, “passos que imprimem e traçam” na beira da praia deserta nesta madrugada e vão delineando os contornos do mar que está manso e de maré vazia.
Há vento que traz a espuma leve das ondas, que se vai desfazendo como quem desfaz castelos de areia de sonhos puros, que não se aguentam quando confrontados entre os dois
Um sonha alto, outro sonha baixo e lá vão andando pela vida fora não se encontrando a não ser quando os sonhos se cruzam e os deixam cair na praia deserta neste meio de madrugada, transformados já em espuma leve das ondas, que se desfazem mais facilmente que castelos de areia.
Ainda eram crianças e sonharam-se juntos nas brincadeiras de polícias e ladrões, na macaca e ao peão, comoviam-se com nada por estarem juntos riam-se de tudo.
Mais tarde namoraram-se que o primeiro amor, dizem, fica para a vida.
Um foi para fora, o outro ficou cá dentro sufocado e aceitou quem primeiro lhe tocou com doçura, não estando preparado, que ninguém nos prepara para as desilusões em que a vida, fértil, nos traz. O tempo foi correndo e corroendo o dia-a-dia em que se desespera por um outro amor, que talvez com esse a vida fosse mais fácil e lhe trouxesse a felicidade.
Ainda não percebermos que a Felicidade não nos é dada, que temos de a conquistar diariamente, esforçadamente, empenhadamente
Assim se desfez a vida que tinham e quando apareceu o amor primeiro, foi feliz durante algum tempo, porque ninguém nos prepara para as desilusões que nos traz o ser imaginado, ninguém nos diz que há um real por trás do imaginado e que tem defeitos, que na nossa imaginação não foram vislumbrados, ninguém nos diz que temos de saber que paixão e imaginação andam de mãos dadas, ninguém nos prepara para a dura realidade, a não ser a vida por nós experimentada
Lá vão lado a lado, “passos que imprimem e traçam” na areia molhada na beira da praia deserta deste fim de madrugada, que eram um só até meio, depois se fazem lado a lado, cada vez mais longe até por fim cada um o percorre como se não tivessem havido sonhos cruzados durante tanto tempo, enquanto o vento traz a espuma leve das ondas,que se vai desfazendo tão rapidamente como quem desfaz castelos de areia de puros sonhos
O dia começa a amanhecer, um à beira da praia deserta, o outro ausente dela.


18 comentários:

Fatyly disse...

Ainda não percebermos que a Felicidade não nos é dada, que temos de a conquistar diariamente, esforçadamente, empenhadamente
................
Realmente os segundos de felicidade deverão ser aproveitados ao máximo e para bem de uma vida a dois deverá haver muito diálogo e jamais um monólogo. Palavras sentidas num texto fabuloso e que fez eco no meu coração: tens razão!

Beijos e um BOM DIA:)

Anónimo disse...

Ola Martha~

Como vai?~
Voltei...
As férias por aí terminaram...

...blog fresco e Belissimo
muito inspirado

beijinhos Amiga

AnaMaria-

claras manhãs disse...

Olá Fatyly


É um dos lugares comuns, que mais devemos relembrar

Beijinho

claras manhãs disse...

Viva Ana Maria

que bom, revê-la!!!
Cheguei hoje de Vila Viçosa, as férias só acabaram agora.

Ainda bem que gostou, porque continuo com saudades do anterior

Um beijinho grande, cheio de saudades

M

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

:-(

inhos

claras manhãs disse...

Olá Julia querida

As férias correram bem? gostou?
já vou visitar


Beijinhos

xistosa, josé torres disse...

O amor era ou é alentado, pois deixou sulcos profundos na areia ...
Também um teve que partir, pois o sol está a espreitar ...
Talvez possamos comprar a felicidade, pelo menos dizem que na Feira da Ladra, (nem sei se ainda existe) ou aqui na de Vandoma, vendem de tudo. Suponho que haverá felicidade.
Também nas lojas de chineses, onde um sorriso amarelo nos dá as boas vindas.
Ou a Felicidade, aquela prostituta que alugava prazeres ...

Mas a verdadeira Felicidade, com defeitos, mas contentamento, com desilusões, mas ventura, com vidas separadas, mas uma satisfação de tudo se recompor, temos que a procurar e segurar todos os dias, mesmo que sintamos desabar o mundo que idealizámos.

Quando amanhece ... e tudo começa de novo ...

Torquato da Luz disse...

Caríssima:

Parabéns!
Gostei muito e vou ficar "cliente".
Bjs.

Mateso disse...

Tal como prometi aqui estou.

Entre uma maré vazia e a cheia reside o ponto da felicidade. Ténue, susceptível de ser varrido pelo vai e vem das ondas. Depois os sonhos têm a enorme capacidade de se espelharem na liquidez do sonho. Porém quando, na verdade, as imagens reais se reflectem, talvez seja o movimento da vida que as distorce... quem sabe?
Mas, as emoções vestem e despem os sentimentos segundo o curso ou percurso de caminho...
Se gostei.
Bj. e bom regresso.

claras manhãs disse...

Olá Xistosa

Como sempre, os teus comentários, deixam-me sempre a pensar

"A Felicidade, aquela prostituta que alugava prazeres..."

Quantas vezes não a tomamos pela verdadeira Felicidade, à prostituta...

beijinho grande

claras manhãs disse...

Olá Torquato da Luz

sorriso ternurento
Obrigado.
É um prazer poder contar consigo.


Beijinho

claras manhãs disse...

Olá Mateso


Ainda não cumpri a promessa, mas só hoje cheguei de férias, amanhã ponho em dia o teu blog.
Não passo sem ele.

A vida, muitas vezes, distorce o sonho....algumas vezes porque o deixamos

beijinho

CPrice disse...

.. comovente este seu texto. Cheio de um ensinamento tão fácil de seguir .. :)
Parabéns *

Anónimo disse...

Ela ficou. Já volto, disse-lhe. Ficou a olhar a abóbada, a olhar tudo, a sorver aquele ambiente tão calmo, enquanto o esperava! Quando ele voltou, beijou-a, e, ao ouvido apenas lhe disse que agora sim, podiam ir.
Nem ela nada lhe perguntou, nem ele nada lhe disse.
Eram, estavam. A felicidade corria á frente deles, voltava, rodopiava, menina, ria muito.Olhavam-na com a maior serenidade. Amavam-se, amavam-na. Felizes os três. Tão felizes!
............
Pousou a fotografia.Levantou-se, vagarosamente, e, abeirou-se da janela.
Lá fora, aquele par. Percebeu que ele lhe disse algo. Viu-o afastar-se e ficou a vê-la, tão serena, olhando tudo, como que esperando. Ele voltou, acercou-se dela e sussurrou-lhe de novo algo. Sorriam, felizes, tão felizes, de mão dada. Nem ele nada lhe dizia, nem ela nada falava. Iam, juntos.Uma lágrima rolou pela sua face, e, foi pousar-lhe na mão, e outra correu, a fazer-lhe companhia.
Afastou-se da janela, foi sentar-se no sofá. A seu lado, uma estória. Pegou nela, afagou-a, abriu a caixinha e viu o anel. Não chorou. Sorriu.
Tal como ela, aquele par iria ver, a felicidade correr à sua frente, saltaricar, rir, e eles olhá-la-iam, e, amar-se-iam, felizes, tão felizes e seriam, seriam e viver-se-iam, para sempre.
...........

Dissera-lhe que esperasse. Ela sorriu e perguntou-lhe onde ia. Ele disse que era surpresa, que aguardasse, que não demorava. Deixo-lhe um beijo para lhe fazer companhia. qie não saísse dali porque já voltava.
Ela sentiu que alguém a olhava. Ali, naquela janela, viu ama velhinha que lhe sorria. Ela sorriu também. Quando ele voltou. trazia um ramo de flores.
A senhora continuava a olhá-los. Ela disse-lhe que a aguardasse, que não demorava. Atravessou a rua, abeirou-se da janela e deu, sorrindo, uma flor àquela senhora tão bonita.
Sentiu cair-lhe uma lágrima na mão e logo outra lhe veio fazer companhia. Quando olhou de novo, viu no parapeito, a flor que lhe havia atirado, gentilmente.
Correu para ele, feliz, abraçou-o. Porque havia feito aquilo? Conhecia-a? Que não, ou, que sim, não importava. Que já podiam ir. E foram, sem que antes, ela não deixasse de se voltar para trás, uma última vez. Que tinha sido aquilo? Nada, respondeu-lhe. Não insistiu, mas, achou-a ainda mais bonita, e, estava.
Dentro dela, trazia um aceno, duas lágrimas, e, parte da felicidade suficiente para eles. A outra parte, sabia-a segura,risonha a saltaricar, feliz, numa sala, e, que,logo logo, iria sentar-se no colo pleno de recordações tão doces duma velha senhora que havia visto, naquela janela.


Um beijo doce, Marta.
Perdoa, não resisti!
Adorei o teu conto!
Tão bom ver a felicidade saltaricar, feliz, à nossa frente, não é?

claras manhãs disse...

Olá Once

Às vezes, Once, o mais fácil, tornasse tão difícil

Bem-Vinda! a este espaço. Foi um gosto vê-la

Beijinho

claras manhãs disse...

Minha muito Querida


Uma lágrima correu-me e foi pousar-se numa tecla, várias outras se seguiram, de comoção...
- por tão bem escreveres
- pela tua sensibilidade
- pelo teu comentário, aqui, mais uma vez no Claras

Continuam a correr
Obrigado minha Linda
Obrigado, minha Querida

beijinho grande, muito doce, cheio de Amizade

Nuno de Sousa disse...

Olá minha kida amiga :-)

Que bom te ter aqui de volta e q obtenhas o mesmo sucesso que nos teus anteriores blogues, fico feliz pelo q aqui li e vi, tens um dom q é escrever nunca percas essa vontade, adorei e a musica do melhor... nada como sonhar por aqui.

Bjocas enormes e um obrigado por seres como és uma pessoa maravilhosa.
Força amiga
Bjs deste amigo,
Nuno

claras manhãs disse...

Olá Nuninho


bem-vindo Amigo!

Deixas-me logo bem disposta ao abrirdo blog
risos
Obrigado

beijinho grande e outro à Lena