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6 de outubro de 2008

RADIOGRAFIA DE UM DIVÓRCIO II




Imagem tirada DAQUI



Há ventos tão fortes que parece que tudo arrasam, mas às vezes só cobrem o chão de um manto de espessa de geada, que sufoca qualquer emoção que ainda tenham guardado e quando se vão deixam-no vazio, chão parecendo infértil mas não danado, terra que não será queimada, tão sómente adormecida
Eles, travessos, alegres
ciumentos, violentos e ternos
sabendo que talvez agitando-se poderia partir o gelo, mas ficando na sua, sufocado, sofrendo, sem já ter forças para nada modificar, deixa-se enterrar por mais gelo que continua a cair. Fica à espera que o sol que tem ao lado derreta essa camada de gelo e o volte a reencontrar, calado espera que se derreta esse gélido manto quase de morte. Fica impaciente, ausente, chão a ficar estéril por o sol afinal não ser suficientemente quente para derreter toda a geada caída, que a todos afeta
Eles, travessos, ternos
desconfiados e embirrentos
Um dia, quando menos espera aparece um outro sol, forte vigoroso, que derrete eficientemente a capa espessa de geada, ficando agarrado, extasiado por esse sol não o deixando mais de admirar, apesar de sofrer, avisa que renasceu.
A raiva do outro atinge-o, pegasse-lhe peçonhentamente, mas o chão começa a germinar, apesar de tudo ruir em sua volta. Chão que se tornou florido, apesar de
Eles chorarem pelos cantos
E a vida continua por um lado bela, por outro de inferno feita. As contas pedidas sem medida, as raivas caindo-lhe em cima continuadamente, sem sossego, só o encontrando junto de um sol que não sabe se para sempre quer, balançado como haste frágil, ficando os pés num lado o coração noutro
Eles só o vendo de 15 em 15 dias
violentos, chorando pelos cantos
Ele sem saber o que fazer da sua vida, sem saber o que querer, raivoso impaciente e feliz, à espera que a vida se resolva….
talvez daqui a uns dias, ou daqui a uns meses, talvez daqui a uns anos.
Eles em silêncio
só o vendo de 15 em 15 dias
sem saberem o que lhe dizer
não reconhecendo a casa onde vão, como sua
sabendo que deste lado, não chega a primavera

16 comentários:

Anónimo disse...

A Primavera vem sempre, Linda! Pode parecer-nos que demora, mas, ela vem!
Um beijo imenso.

Cris

Fatyly disse...

Todo o divórcio é complicado, mas dar tempo ao tempo para que se acalmem os ânimos e assente a poeira, é dificil mas a primavera florida e o calor dos sentimentos voltarão a surgir e a darem novos frutos.
Um relato sensível e só quem passou por "ele" é que sabe dar o valor.
Parabéns pelo post!

Uma beijoca verdadeira e amiga

claras manhãs disse...

Olá Cris

Será que vem?
Quantos anos serão precisos, para isso acontecer?


beijinho grande

claras manhãs disse...

Olá Fatyly


Dizes o mesmo que a Cris, e embora pareça que não, também estou de acordo.
Mas vêm só que talvez anos depois.


beijinho, minha querida

Carla disse...

o difícil é viver com esta realidade dia-a-dia...conviver com as dores, os silêncios e as amarguras!
Depois, bem depois vem o outro lado da questão!
belo texto
beijos e boa semana

Mateso disse...

Quando se quebra um copo e o vidro se crava na carne ,por mais acidental que seja, dói. Quando o grande copo se estilhaça, os cacos espalhados, quer pela vida, quer cravados enm nós, dilaceram...mas afinal a escolha também é nossa ,seja ela por bem ou por mal. E na esquina do outro dia renascer é imperioso. Parir em si é algo que retesa a raiva em esforço.
Bj.

claras manhãs disse...

Olá Carla


Sempre vem, felizmente, mas enquanto dura....


beijinho

claras manhãs disse...

Olá Mateso


sabes que adoro os teus comentários?
Adorei a última frase.
As escolhas são sempre nossas, e mais do que isso, as reacções às escolhas dos outros.

beijinho

Anónimo disse...

Minucha, meu Doce, sem me querer vangloriar com a situação, digo-te, que, demora, mais do que nós queríamos, eu sei, e são horas do caraças, desculpa-me a expressão, mas, que ela vem, vem, garanto! Claro que tb está nas nossas mãos fazer por que ela venha, criar as condições.
Digo-te que me "espalhei" ao comprido inúmeras vezes, muitas, mesmo! Perdi a cabeça outras tantas! Disse a quem gostava, coisas do caramba, mas, também ouvi tantas e "boas", bolas! Mas, cá estou, Migota.
E, digo-te, e, venha quem vier, meu Doce, fala com qualquer uma das minhas filhotas e vais ver se há tristeza ou se estão infelizes.
Não, querida! Vêem o pai quando querem, jamais impusemos ou seguimos o que ficou "lavrado" e elas cresceram bem e felizes, garanto-te!
Demora, querida, mas, a Primavera está bem mais perto do que julgamos, acredita!
Não te digo que é fácil, que não tenho momentos (e ainda ontem falava nisso com alguém que ambas conhecemos) que me apetece atirar com tudo ao ar. Apetece um ombro e não o temos, apetece um afago e não o temos, mas, vive-se um dia de cada vez.
Bolas!
Divórcio não é doença, Miga!
Calma e serenidade.
Pensamento muito positivo e nada de olhar o copo e achar que ele está meio vazio, an? Está meio cheio, e, com jeitinho, sabemos enchê-lo, podes crer!
Não podemos agarrar o mundo com as duas mãos? Vamos devagar, então!Convençamo-nos que conseguimos tocar-lhe, ainda que só na pontinha! Já é um começo. Com arte e engenho, já lhe tocamos com a mão, mais um pouco, e, agarramo-lo, e, depois, é mais um tiquinho e já está na palma das nossas mãos, vais ver! E tens todos os sorrisos e secam-se as lágrimas, 'tá?

Digo-te isto porque te Gosto, Minucha, muito, muito e porque tenho a absoluta certeza de que és uma Mãe Daquelas DELICIOSAS, que espalhas mimo e afagos!
Até a Primavera sorri, quando te olha, por te achar tão bonita!

Um abração muito apertadinho!

Tua ,Cris, a Carochinha...rssss...
Raios partam o diacho da rua que está deserta!!...ehehehehe.)

claras manhãs disse...

Tu Cris

vês-me boa demais.
às vezes rosno e só me falta morder.
risos
Mas cá estou para fazer, pelo menos, o melhor que sei.
Os meus filhos cá em casa são príncipes e os netos também.
Obrigado por tudo.

Beijinho

Carla disse...

voltei para dizer que deixei um selo no lado direito do meu blog para ti, caso o queiras recolher
beijos

claras manhãs disse...

Olá Carla


já lá vou ver, minha querida e obrigado.
Recolherei, evidentemente.

Beijinho

xistosa, josé torres disse...

Quando o degelo não se dá e a raiva nos atinge, nós, os humanos, começamos a sentir o frio.
Ou esperando ansiosamente o sol que nos aquente, quer em favores quer em calores.
Favores de nos libertar de grilhetas, mas quem as não tem?
Calores que aparecem, subitamente dos vulcões interiores, mas quem os não sente?

Por vezes é inevitável e indomável.
Quando se quebram laços que já foram verdades, algo falhou.
(não falo naqueles casos de brutalidade ou bestialidade animal. Esses são casos perdidos, que a história contará como um número, numa qualquer estatística).

É "engraçado" que passei por uma fase em que diversos amigos, colegas e até familiares se separaram.
Em dois casos, os novos filhos, 1+1, são mais novos que os netos.
São da minha idade. Os intervenientes.
Daqui a uns anos ... se as mulheres os abandonarem?

Não podemos pintar a vida como a queremos.
Como o quadro que está na parede e reflecte sempre os mesmos humores e amores.
Temos que a viver, compartindo-a e fazendo o equilíbrio, muitas vezes funâmbular e sem o "auxiliar".

Por isso as balanças possuíam dois pratos.
De um lado comiam os senhores, do outro os servos.
Agora fundiram-se e "já não há diferenças"
Chorar por e para quê?
Quando a vida é dúbia e temos que seguir o que sentimos interiormente, quando já nada esperamos desse espaço temporal, então sim ... caminhar para o sol ou para o gelo.
Deixarmos a casa "vazia" e partirmos para a ilusão de encher outra?
A vida é uma ilusão constante,mas sem ela, (ilusão), não tem qualquer valor.

claras manhãs disse...

Olá Xistosa

Separei-me em Fervereiro de 74, o divórcio só veio muito mais tarde, e não hoiuve um dia destes 33 anos, em que não ficasse contente por o ter feito.
Às vezes acontece as pessoas arrependerem-se....
mas do que não tenho dúvida, é que o que é deixado sofre sempre, mas sempre, até no caso do meu ex, coisa que nunca acreditaria se não tivesse visto.
sorriso trocista, por ele

beijinho

CNS disse...

As separações muitas vezes são feridas abertas. Mas abertas também ficam as feridas de quem escolhe ficar num presente sem futuro. As escolhas doem. Por serem dos mais humanos dos actos. E são elas os degraus da vida. Sem elas não há caminho. Nem sequer presente.
Gostei imenso do teu texto

Um beijo

claras manhãs disse...

Olá Cristina


Obrigado.
Estou totalmente de acordo contigo.
Aliás, acho pior os que escolhem ficar num presente sem futuro.
isso é que é dramático.
O resto, como bem dizes, são fases que se ultrapassam.


beijinho