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28 de agosto de 2008

NA VARANDA






Ian Cameron




No dia seguinte fui ter com ela à sua varanda, sempre com aquela fantástica vista, sabendo que a poderia encontrar com o Filipe, mas esperando que pudesse ter um bocadinho para me ouvir.
Conto-lhe a minha história que começa com a do Pedro, tal qual ele ma contou logo no primeiro jantar que tivemos juntos.
Era casado com Margarida, que tinha uma outra pessoa e embora não percebesse como ele era capaz de ter aceitado essa situação sem terem sequer tido uma conversa, ele explicou-me que não queria ouvir o que tinha a certeza de existir e que nada iria resolver, visto não se querer separar de Margarida para não desequilibrar a filha, e que nunca poria a hipótese de não viver com a Joana.
Almoçámos muitas vezes os dois, jantámos duas ou três vezes porque dizia o Pedro, a Margarida sabendo que ele aceitava o modo de vida dela, avisava à última de hora que ficava a fazer serão.
Apaixonei-me por ele, antes de ter acontecido algo entre os dois...conversávamos, gostávamos de conversar, namorávamos, até ontem que passámos o dia juntos na Praia da Arrábida. Depois fomos até à Pousada de Palmela, onde ficámos.
Ela ouvia-me, com ar compreensivo mas cheio de pena
- Ele é casado e foi, teoricamente, sincero contigo. Só tens duas opções: ou ficas por aí e não há mais nada; ou continuas e minha querida, desde já te digo que vais passar a andar entre o paraíso e o inferno
- tu também tiveste o Rodrigo
- por isso mesmo te estou a avisar, e espero que nunca gostes do Pedro como gostei de Rodrigo, porque nesse caso o inferno perdurará sobre o paraíso
- depois de ontem, não vou ser capaz de não continuar
- e vieste falar comigo para quê?
- para me sossegares, para me dizeres que não é assim tão grave, ou mau, ele ser casado, que não estou a fazer mal a ninguém, que não vou sofrer, porque tu viveste uma mesma situação
- Queridinha, vais sofrer e muito, mas também vais ter os momentos mais doces e arrebatadores, que serão sempre os que se seguem à espera. Se estás a fazer mal a alguém isso não sei, só tu poderás saber se ele te está a contar a verdade. Não me peças para te sossegar, isso são coisas que não existem. A vida é o que é, as opções são as nossas, eu por exemplo não estou arrependida de nada. Só espero que te aconteça o mesmo.
Mónica, minha querida, amar é aceitar-se o outro tal qual ele é, retirando as fantasias que fizeste sobre ele, tentando perceber o que ele é para além delas, um dia de cada de vez....já estou a dizer lugares comuns que todas nós estamos fartas de saber.
Precisas de saber que quando os homens não são livres, é raro, muito raro Mónica, que dure muito tempo. Ou achas que mesmo assim vale a pena, ou desistes já.
Pensa bem e se achares que quando ele acabar, ficará um amargor, não continues, porque te irá fazer muito mal
- porque tu achas que ele acabará?
- qualquer homem que não quer ser livre, porque qualquer um o pode ser, basta querer, não aguenta uma extra-relação por muito tempo.
A opção só pode ser tua, Mónica. Minha querida sempre que precisares de mim, sabes onde me encontrar e não te preocupes com o Filipe, se há homem que percebe bem os outros homens e a nós mulheres, é ele.
- estás-me a dizer isso.....
- estou-te a dizer queridinha, que vais precisar de todas as tuas amigas, podes crer.
Se fores em frente com essa relação, aprecia cada segundo, ouve bem Mónica, cada segundo, para um dia poderes teres alguma coisa boa para relembrar.

6 comentários:

peciscas disse...

São situações que, apesar de bem comuns, são sempre muito complicadas mas, se calhar, por isso mesmo aliciantes.
Quem as vive fica com muito para contar.E às vezes com marcas que não serão fáceis de apagar.

No próximo dia 15 de Setembro, realiza-se uma blogagem colectiva subordinada ao tema “JUSTIÇA PARA FLAVIA”.
A Flavia é uma jovem, que há mais de dez anos vive em coma, após os seus cabelos terem sido sugados pelo ralo de uma piscina, com um poder de bombagem absurdamente superdimensionado.
A sua mãe, Odele Souza, desenvolve, há longos anos, uma luta, nos tribunais brasileiros, em prol de uma condenação dos responsáveis pelo acidente e pela atribuição de um indemnização justa, que lhe permita continuar a tratar da filha com a dignidade e a qualidade minimamente exigidas.
Deixo aqui um apelo à participação nesse movimento solidário que se expressará no próximo dia 15 de Setembro.
Para já, pede-se a adesão dos blogonautas, através da afixação no seu blog de um selo alusivo e, depois, no dia marcado, pela publicação de um post sobre o tema.
Este selo e mais pormenores poderão ser obtidos no blog de Flavia:

http://flaviavivendoemcoma.blogspot.com/

Mateso disse...

tenho muito para pôr em dia e fá-lo-ei. Por hora vou até ao vale dos lençóis que os olhos já piscam.
Boa-noite.
Bj.

claras manhãs disse...

Olá Peciscas

Irei até ao blog da Flávia.
Contem comigo.
Apesar de não acreditar que os tribunais brasileiros ou de outro sítio qualquer, mudem as suas decisões por posts feitos na blogosfera.
Mas podem contar comigo. Na dúvida....luta-se seja qual for a forma.

Beijinhos

claras manhãs disse...

Olá Mateso

e eu tenho de ir ler com mais atenção aquele teu fenomenal post.

Beijinho

Fatyly disse...

É muito complicado dar uma opinião a quem tem uma duplicidade amorosa que quase sempre deixa marcas profundas sobretudo na pessoa que é enganada porque não deixa de ser uma traição.

Beijos e um bom dia:)

claras manhãs disse...

Claro Fatyly

é essa mesmo a questão


beijinho