skip to main | skip to sidebar

9 de junho de 2015

Foi numa noite



no Barreiro que percebi toda a dimensão de sermos ilhas. Todos nós percebemos que o somos ou pressentimos, mas há um toque e a ilha adoça e alarga um pouco mais, um sorriso faz-nos pensar que talvez a ilha seja grande, com o amor juramos que a ilha não existe que é mania nossa e de alguns outros
nessa noite no Barreiro a ilha existiu em toda a sua pujança, nunca mais poderia sequer pensar, com olhares, toques sorrisos ou amores o talvez, jamais. Estava ali, era palpável e inesquecível. Em pleno inverno, às sete e meia quando saí da clínica deveria ser noite cerrada. Não havia noite nem dia. Não havia nada. O cinzento amarelado envolvia-me tão completamente que fazia parte de mim.
Ouviam-se algumas pessoas a falar, de vez em quando alguns passos mas não se percebia onde e a rua ia ficando cada vez mais deserta.
ilha isolada, de contornos apertados, palpável, inesquecível
Tudo fechado, nem um telefone e a ilha começou a pensar noutros que não perceberiam a falta de notícias, o jantar por fazer, as crianças por tratar
ilha cada vez mais isolada, contornos apertados, palpável, angustia sem remédio
o frio a entranhar, o cabelo molhado, a fome desalmada, doze horas de trabalho, quatro horas encostada à porta fechada da clínica
Ilha, ilha isolada contornos apertados, ilha palpável, de angustia, inesquecível.

Sem comentários: